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A VOZ DA MEMÓRIA EM DIAS NOSTÁLGICOS

  • Helena Mello
  • 26 de jan. de 2016
  • 2 min de leitura

Divagações são próprias de dias nostálgicos. Habitualmente a praia se apresenta como cenário comum às minhas lembranças. Caminhar, ouvir o som das ondas, sentir o vento e olhar as cores vibrantes da natureza conduzem-me ao encontro de mim mesma.

Os passos na areia molhada levam-me aos porões da minha memória. Nesse território de registros desordenados perco-me entre passados. Digo passados usando o plural, pois percebo vários componentes na complexidade da minha história. São lembranças reais, vivenciadas em camadas da vida. São lembranças formatadas nas falas do outro, nas fantasias e desejos infantis. A infância memorizada na cultura familiar. São imprecisos os sentimentos da adolescência. Os recalques, as dores e os projetos abandonados no caminho do contexto do possível encontra na área do adulto esse composto que se chama memória.

E a voz da memória se faz mais auditiva. As estradas projetadas e não percorridas, os desejos não realizados, as promessas silenciadas e tantas outras frustração são contabilizadas e deixadas para trás. Nesses momentos os desejos são revitalizados e levados pelas plumas da esperança. Meu emocional debate-se entre a melancolia e a força da sobrevivência. E ao novo misturam-se passado e futuro na tênue marca do tempo e assim tudo será possível. Meus sonhos poderão ser materializados nos propósitos cumpridos, meus amores temperados de prazer e no decolar dos desejos comemorados com luzes e cores.

Outra reflexão merece ser pontuada. É que se somam aos sentimentos próprios aqueles nascidos da consciência coletiva construída por todas as mudanças da modernidade. Mundo da tecnologia, do virtual, da globalização, do amor fluido, da imitação e da idealização. Um mundo sem modelo porquanto tudo é dinâmico e substituível.

Logo surgem perguntas que não querem silenciar: como atualizar a memória onde lembranças se distanciam na composição do mesmo sujeito? Como as festas tradicionais que tomam novas roupagens serão capazes de gerar emoções novas às memorizadas? O que significa atualmente “tradição”?

A essas indagações não me atrevo a responder. Mas, uma certeza me aflora na direção de um amanhã renascido nos sentimentos da Fraternidade, do Amor e do Respeito por escolhas singulares e plurais na mesclagem da vida.


 
 
 

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