OASIS OU MIRAGEM
- helenaemello
- 14 de set. de 2015
- 2 min de leitura
OASIS OU MIRAGEM
Helena e Mello

Volto às minhas lembranças e encontro audível a voz doce e sábia da minha avó, quando dizia: “Quando a dúvida lhe atormentar olhe e sinta a natureza, ela lhe dará todas as respostas. Mesmo que seja por imagens não presenciadas.”
Somente hoje, passadas as estações do tempo, começo a entender as lições entregues com tanto afeto e generosidade. A minha avó sorria quando percebia a minha incapacidade de compreensão. E, acrescentava: “Não se inquiete, quando o tempo lhe fizer mulher você vai entender o valor da associação entre a vida humana e a natureza em constante movimento.”
Essas lembranças me chegam ao momento em que uma promessa se esvaiu como uma fumaça levada pelo vento. Era uma promessa de encontro com um ontem colorido e iluminado. Mas, como apenas uma ilusão, a promessa foi tragada por uma realidade inalterada. Foi quando associei meu cotidiano a uma caminhada por um deserto com as incertezas de um roteiro árido e seco. Aquela promessa pareceu-me um oásis com a beleza e a suavidade de um lar. E foi nesse contexto de caminhante que o eco do passado restou visualizado no amanhã de prazer e saciedade.
E, na medida em que a promessa se apresentava como mero desejo não realizado, percebi que a visão do oásis prometido, na verdade era simplesmente uma miragem, uma ilusão trabalhada por minha mente recheada de repetições adormecidas.
Compreendi o que a minha avó quis ensinar. A verdade do tempo que segue em frente sem atalhos ou retornos. Percebi que o deserto é uma imagem que podemos associar à nossa vida, com momentos pontilhados de aridez e prazer, de verdades e ilusões.
São os oásis e as miragens do caminho da vida.
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