O Bambu
- Helena e Mello
- 2 de set. de 2015
- 1 min de leitura

O BAMBU
Helena e Mello
Agosto de 2015.
Hoje, no caminho de casa, meu olhar se fixou na imagem dos bambus que se entrelaçavam às margens da estrada. O tempo estava nublado e o vento forte desafiava o equilíbrio da vegetação composta de árvores centenárias, plantas nativas e outras ornamentais.
Pensei: e os bambus? Seriam eles plantas dançarinas? Ou criação da natureza para nos alertar sobre a força da sobrevivência?
Percebi que a ventania os dobrava, mas eles se recompunham com mais vigor e beleza. Por que só agora esse espetáculo me emocionou? E, como num diálogo interno uma associação se fez presente. Parei e indaguei a mim mesma: quantas ventanias levaram-me ao chão? E, como me soergui de todas elas?
Ali parada, um sentimento de perplexidade invadiu-me por inteiro. Pedi socorro a minha memória e obtive o silêncio como resposta. Forcei a memória com lembranças envoltas em névoas e relativizei. Foram muitas as ventanias que atravessei durante minha caminhada. Brisas infantis, sopros de vento adolescentes e ventanias adultas.
E as lembranças dançavam como os bambus.
Senti que um sorriso se formava na minha face idosa. Era o riso da consciência de estar de pé, reconhecendo possível novos caminhos e mantendo ereta a coluna da Vida.
Ah! Belos bambus, como sois reveladores da força da natureza e da persistência do ser humano.
Obrigada.
Kommentare