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Novamente Reconstruída

  • HELENA E MELLO
  • 26 de ago. de 2015
  • 2 min de leitura


Muitas vezes quebrei potes na minha história. Outras tantas vezes recolhi os cacos para reiniciar a obra. Com retalhos dos panos cortados aprendi a tecer nova coberta e com as fatias das lembranças reedifiquei a moradia do meu consciente.

Entre dores e euforias caminhei. Cheguei ao pódio da vida e espero estar preparada para a entrega do resultado da experiência acumulada. Se a felicidade é momento, o eco desses momentos representa o patrimônio enriquecido a ser transmitido por herança.

Este é o meu propósito para o crepúsculo da minha vida.

De Rubem Alves, in SE EU PUDESSE VIVER MINHA VIDA NOVAMENTE, Editora Versus, 6ª. Edição, 2004, retirei a fala que transcrevo:

“Cheguei onde estou por caminhos que não planejei. É um lugar feliz com o qual nunca sonhei. ... Plantei árvores, tive filhos, escrevi livros, tenho muitos amigos e, sobretudo, gosto de brincar. Que mais posso desejar? Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu a viveria como a vivi porque estou feliz onde estou.

A nossa vida começa justamente com o advento da inutilidade. Pois o momento da inutilidade marca o início da vida do gozo. Nada mais é preciso fazer. Travei as batalhas que tinha de travar. Não devo nada a ninguém. Estou livre agora para me entregar ao deleite.

Como uma obra inacabada, sinto a vida em seus retoques finais. Desconhecer o tempo que nos resta na travessia é a perfeição da natureza. E por desconhecer o final do caminho continuo sonhando, tentando e desejando. Nesta fase da vida tenho a oportunidade de aperfeiçoar o meu eu interior e fazer revelar a minha contribuição para um melhor estado de harmonia.

Com este sentimento de chegada à fase da “inutilidade própria” mudo de endereço como homenagem ao meu momento encantado. Divido, agora, meu tempo entre o asfalto litorâneo e a proximidade da mata. Duas fontes de emergia: a praia e as árvores centenárias. E assim sigo o caminho da vida.

Mantenho-me confiante na capacidade do Ser Humano desejar, caminhar e mudar.

Recife, 26 de agosto de 2015


 
 
 

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