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Desapego emocional na família

  • Helena e Mello
  • 8 de jul. de 2015
  • 3 min de leitura

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DESAPEGO EMOCIONAL NA FAMÍLIA

Helena e Mello

Terapeuta de Família e Casal

É sobre desapego que propomos uma reflexão.


Segundo o dicionário Aurélio, desapego significa “falta de apego, de afeição, desamor. 2. Desinteresse, indiferença.’’


Daí, costumeiramente vincular-se o termo a coisas. Desapego a coisas velhas, em desuso, inservíveis ou inúteis. Por isso, acostumamo-nos à habitual “faxina” doméstica, onde jogamos fora ou doamos roupas que já não nos servem e objetos superados, em especial aparelhos eletrônicos.


Com o sentido de desapego renovamos a decoração de nossa casa, dos utensílios, de coisas e mais coisas. Renovamos também no trabalho, quando atualizamos procedimentos, conhecimentos e equipamentos.


Desapegar-se seria então abrir espaço para a renovação.


Mas, será possível nos desapegarmos de pessoas ou de papéis que representamos? A esse desapego poderíamos chamar de desapego emocional?


Acreditamos que sim.


O desapegar-se a nível emocional seria transpor a barreira do mundo material para um desapego vivenciado no mundo dos sentimentos, das emoções. E neste campo, o despego cabe bem nas relações familiares, onde o amor, a proteção e o cuidado perpassam pelos ciclos de vida dos seus membros em constantes movimentos de renovação.


Assim, o desapego na família distancia-se dos conceitos de “falta de apego, de afeição, desamor. 2. Desinteresse, indiferença.’’ No campo do desapego emocional, a afetividade e o amor permanecem inalterados mudando apenas seu foco de interesse. Desta forma, o processo de transição entre o apego e o momento do desapego, passa por variação, de acordo com a estrutura de cada membro da família. Prendemo-nos, nesta reflexão, às transferências dos papéis no desenvolvimento dos ciclos familiares.


Sabemos que as famílias sofrem mudanças com o decorrer do tempo. Mudanças previsíveis e ocorrências imprevisíveis. As primeiras, são aquelas pelas quais a quase totalidade das famílias passam nos seus diversos ciclos de vida e as segundas, como morte, divórcio, doenças graves ou degenerativas, etc. são pontuais, podendo ocorrer nas mais diversas etapas da vida.


Em uma visão didática podemos elencá-las na seguinte seqüência:


1. A formação do novo casal – momento em que a família dá origem a um outro sistema de conjugalidade. Os pais deixam o papel de autoridade para assumir o papel de rede de apoio. Surgem dois subsistemas: o conjugal e o parental.


2. A chegada dos filhos – o casal inicia novo ciclo de vida familiar. Esta etapa exige que os jovens pais avancem uma geração para tornarem-se cuidadores da geração que chega.


3. Famílias com filhos adolescentes – outra fase que marca a seqüência da vida familiar. Nesta, é comum a presença de conflitos geracionais. Os pais, regra geral, chegaram a “meia idade”, época em que vivenciam sentimentos advindos de questionamentos acerca do casamento e da profissão. Os filhos, saídos da infância, encontram-se em estágio de desenvolvimento emocional e sexual. Os avós, adentrando na velhice, se confrontando com perdas físicas ou emocionais. Este é o tempo de reorganização familiar, com desapegos de autoridade e níveis de limites/fronteiras.


4. Famílias com filhos adultos, solteiros em casa – agora todos são adultos. Hierarquia doméstica flexibilizada com responsabilidades negociadas entre os membros da família. A convivência entre pais maduros e experientes com filhos portadores de status de independência, gera, na maioria dos casos, conflitos e frustrações.


5. Chegada de netos – com a chegada da terceira geração, a família retoma a seqüência dos ciclos vitais. Pais passam a desempenhar o papel de avós; filhos a condição de pais e a criança a ocupar o lugar do filho. Papéis familiares que se alteram com o movimento seqüencial da humanidade.


Nesse contexto reflexivo, temos observado nas transições da vida familiar, três fases: a mudança, o conflito e a adequação à nova realidade. Na passagem das etapas,os papéis, as fronteiras, as proximidades e os afastamentos, atraem o exercício do desapego emocional, como meio de suavizar a turbulência de sentimentos de perda, de ciúme, do esvaziamento da auto-estima e mesmo de solidão.


O despego emocional capacita pais, filhos e avós a renovar-se, tornando-se aptos ao desempenho de novos papéis. É preciso desapegar-se do poder hierárquico dos pais educadores, na direção do adocicado papel de apoio, próprio dos pais de filhos adultos e dos avós. Da infância à adolescência, desta à maturidade e daí à velhice haverão perdas e ganhos que podem ser aceitos com o desapego emocional dos primeiros ou como o aprisionamento do apego, carregado de sofrimentos e dores.


Nesse contexto, deixo a seguinte reflexão:


“O desapego emocional constrói a ponte que une a sabedoria do caminhante ao prazer da renovação.”

IAF – Instituto Integrado de Apoio à Família

Recife-PE, 03/08/2011.


 
 
 

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